Especialidade
Reabilitação Neuropsicológica
CONTEÚDO DA PÁGINA
A Reabilitação Neuropsicológica é um “processo no qual pacientes e familiares trabalham em conjunto com os profissionais, a fim de superar, reduzir, contornar, enfrentar ou conviver melhor com as dificuldades cognitivas resultantes de um problema cerebral” (Wilson, 1997) e assim reduzir o impacto que os déficits cognitivos tem sobre o dia a dia, relações interpessoais e funcionamento emocional do paciente.
Há três principais estratégias de intervenção para os problemas cognitivos: as que fazem uso de abordagens restauradoras, afim de estabelecer habilidades cognitivas; as que utilizam abordagens para compensar os prejuízos cognitivos por meio de outras funções preservadas ou outras estratégias; e ainda as que proporcionam mudanças no ambiente do paciente para que ele seja mais funcional em sua vida.
Para um bom planejamento terapêutico é necessária uma avaliação neuropsicológica completa, que trace um aprofundado diagnóstico neuropsicológico de funcionamento do paciente.
A partir desta avaliação é possível elaborar intervenções específicas para a reabilitação de funções cognitivas: atenção, habilidades visuoespaciais, linguagem e comunicação, memória, funções executivas.
A seguir apresentamos os distúrbios cognitivos que fazem parte do rol de especialidades na reabilitação da Clincog:
Avaliação e reabilitação da afasia
A afasia é uma alteração na linguagem causada por lesão cerebral como, por exemplo, um acidente vascular encefálico (AVE ou derrame), tumor cerebral e traumatismo cranioencefálico. A afasia pode prejudicar a capacidade da pessoa se expressar através da fala e da escrita ou de compreender o que lhe é dito e o que está escrito.
A afasia pode se manifestar de diversas formas e traz impactos de vários níveis, sejam mais leves até mais graves, podendo inviabilizar totalmente a comunicação.
O tratamento fonoaudiológico tem por objetivo melhorar as condições de comunicação do paciente com afasia, tanto para compreender o que é dito a ele como para que ele possa se expressar por meio da linguagem.
O princípio da reabilitação é a formação de novas sinapses cerebrais, isto é, a formação de novas conexões entre os neurônios não-danificados, a fim de que estes neurônios possam assumir a função dos neurônios que foram lesados. Este fenômeno é conhecido como plasticidade cerebral.
Assim, são realizados exercícios específicos que trabalhem as habilidades prejudicadas e valorizam as intactas, as funções são otimizadas e o paciente, aos poucos, vai criando estratégias que compensem os déficits ou estratégias que supram as falhas apresentadas.
Nas sessões terapêuticas, o paciente tem a oportunidade de vivenciar as situações de comunicação problemáticas. E com auxílio do fonoaudiólogo busca os meios para sanar estas dificuldades ou lidar com elas da melhor maneira possível, reduzindo o nível de ansiedade e frustração e melhorando a sua capacidade comunicativa.
Avaliação e reabilitação das Dislexias e Agrafias Adquiridas
A dislexia adquirida é um distúrbio decorrente de uma lesão cerebral que provoca perda ou falha na capacidade de leitura do paciente. A agrafia adquirida ocorre quando essa lesão provoca uma alteração na capacidade do paciente escrever.
Reabilitação em dislexia e agrafia consiste em proporcionar ao paciente estímulos que permitam que ele restabeleça funções perdidas, que reorganize suas capacidades para que seja capaz de fazer a mesma tarefa de uma forma diferente utilizando as habilidades remanescentes e/ou que substituam uma função perdida, ou ainda uma estratégia externa. Neste último caso, pacientes que não conseguem reabilitar sua capacidade de escrever, podem gravar áudios e convertê-los a textos escritos, por exemplo.
Avaliação e reabilitação no Traumatismo Cranioencefálico
Traumatismo Cranioencefálico (TCE) é qualquer agressão traumática na cabeça que leve a comprometimento anatômico e/ou funcional. É importante ressaltar que o comprometimento funcional de um paciente com TCE é inespecífico quanto a possíveis prejuízos, estes irão depender principalmente do local, extensão e tipo de lesão cerebral.
Um TCE pode, portanto, levar a diversos distúrbios, como: alteração na fala, decorrente de uma apraxia ou de uma disartria; alteração de linguagem; alterações cognitivas, como planejamento, atenção, memória e pragmática; e alteração no processo de deglutição ou disfagia.
A avaliação fonoaudiológica de pacientes com TCE deve levar em consideração todos os aspectos cognitivos, de comunicação e de deglutição para ser possível traçar uma planejamento terapêutico funcional e específico para a reabilitação deste paciente.
Avaliação e reabilitação da Demências
O termo demência pode ser compreendido como um conjunto de sinais ou sintomas que pode ter diferentes causas e pode ser percebida por prejuízos ao realizar atividades do dia a dia que antes era capaz de executar. Estas dificuldades se devem a uma doença neurológica degenerativa e progressiva que se manifesta frequentemente por deterioração de funções cognitivas e pode vir acompanhada de uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e distúrbios comportamentais.
A avaliação neurológica indica possíveis causas e a avaliação neuropsicológica faz o levantamento de diferentes manifestações e alterações comportamentais, emocionais e cognitivas que podem explicar as dificuldades do paciente. O diagnóstico do transtorno leva em consideração a avaliação multidisciplinar.
A Reabilitação fonoaudiológica e neuropsicológica faz uso de métodos terapêuticos afim de melhorar ou manter o desempenho cognitivo de pacientes com transtornos demenciais para que ele possa participar de forma mais autônoma e funcional nas atividades diárias e decisões familiares e/ou profissionais, proporcionando melhor qualidade de vida e menor impacto nas suas relações interpessoais e funcionamento emocional.
Reabilitação no Comprometimento Cognitivo Leve (CCL)
O CCL não é considerado um transtorno demencial, mas pode ser um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e a demência. O paciente com CCL apresenta queixa cognitiva, comprometimento em um ou mais domínios cognitivos (memória, função executiva, linguagem e habilidades visuoespaciais) e atividades de vida diária relativamente preservadas. Além disso, não preenchem critérios para o diagnóstico de demência.
Reabilitação na Doença de Alzheimer
O Alzheimer é uma doença neurológica degenerativa e progressiva que se manifesta por:
- Deterioração da cognição (principalmente memória e outra função cognitiva)
- Alteração progressiva das atividades de vida diárias e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e comportamentais
Reabilitação na Afasia Progressiva Primária (APP)
A APP faz parte das Degenerações Lobares Fronto Temporais (DLFT) e é considerada uma demência pré-senil, de caráter insidioso. Seus sintomas mais comuns incluem mudanças sociais e alterações proeminentes da linguagem nos primeiros anos da doença.
As APPs podem ser classificadas em três subtipos: variante não fluente ou agramática caracterizada por alteração da fluência da fala, com presença de apraxia de fala e/ou agramatismo; variante logopênica, caracterizada por comprometimento na memória fonológica de curta duração que ocasiona fala lentificada, troca de sons nas palavras (parafasias fonêmicas) e dificuldade na repetição de frases e; APP variante semântica, onde se observa a perda progressiva do conhecimento semântico, presença de anomias e alterações importantes na compreensão de palavras.
Evidências científicas e clínicas cada vez mais relevantes têm demonstrado que a APP variante semântica é, na verdade, uma manifestação distinta da Demência de Alzheimer.
Reabilitação na Demência Vascular
A Demência Vascular pode ser causada por isquemia ou por hemorragia cerebral e geralmente esta associada a fatores de risco como hipertensão, diabetes e dislipidemia. Seus sintomas ocorrem frequentemente em fases, e não de forma gradual. A eliminação dos fatores de risco para acidentes vasculares cerebrais pode ajudar a retardar ou evitar danos maiores.
Demência por corpos de Lewy e demência por doença de Parkinson
A demência por corpos de Lewy é uma degeneração cognitiva crônica caracterizada por inclusões celulares denominadas corpos de Lewy, presentes no citoplasma de neurônios corticais. Demência por doença de Parkinson é a degeneração cognitiva caracterizada por corpos de Lewy na massa negra; que se desenvolve tardiamente na doença de Parkinson, aproximadamente 10 a 15 anos após a doença ser diagnosticada.
A demência com corpos de Lewy se manifesta frequentemente com déficits precoces e evidentes na atenção, função executiva e capacidade visuoperceptual. O comprometimento da memória tende a ocorrer à medida que a doença progride.
Demência por doença de Parkinson pode afetar vários domínios cognitivos (atenção, memória, linguagem e funções visuoespaciais, construtivas e executivas). Os sintomas psiquiátricos, como a alucinações e delírios, são menos frequentes quando comparados à demência por corpos de Lewy.
Reabilitação no Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDA, TDAH)
Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma síndrome de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Há 3 tipos de TDAH, os que são predominantemente desatentos, hiperativo/impulsivos e combinados. Os critérios clínicos dão o diagnóstico.
O Neurofeedback está entre as mais modernas tecnologias para investigação e modulação da mente. A partir de sensores colocados no couro cabeludo, conseguimos detectar os padrões de ondas cerebrais e então redirecioná-los para estimular habilidades.
É possível corrigir distúrbios atencionais e aperfeiçoar o desempenho cognitivo do paciente através do treinamento direto do cérebro.
Gil, G. Busse, Leopord A. Ensinar a lembrar. – São Paulo: Casa da Leitura, 2003.
Ortiz, Zazo K. Distúrbios neurológicos adquiridos e fala e deglutição. Barueri, SP: Manoele, 2006. Porto Alegre: Artmed, 2007. São Paulo: Manole, 2002. p. 873-874.
Wilson, Barbara A. Reabilitação da memória: interagindo teoria e prática. Tradução: Clarissa Ribeiro; revisão técnica Rochele Paz Fonseca. – Porto Alegre: Artmed, 2011.