Especialidade
Avaliação e Reabilitação da Fala e da Linguagem
CONTEÚDO DA PÁGINA
A comunicação humana na forma da linguagem falada e escrita depende de processos que ocorrem no sistema nervoso, principal integrador e regulador do corpo.
Quando estamos numa situação comunicativa recebemos os estímulos do ambiente, integramos e interpretamos estas informações para elaborarmos uma resposta adequada.
Esta resposta pode vir na forma de fala ou de escrita, por exemplo. Considere esse processo no contexto de uma conversação falada. O nosso cérebro formula uma resposta e a transmite para os músculos responsáveis pela fala (língua, lábios, palato, laringe, músculos da respiração). A contração e coordenação adequada destes músculos resultam numa resposta verbal.
Parece simples? Não é. Todo esse processo de linguagem e de fala depende de uma série de outros subprocessos.
A avaliação Fonoaudiológica
O profissional capacitado para avaliar e reabilitar distúrbios comunicativos é o fonoaudiólogo.
A avaliação se inicia no processo de anamnese, que é uma conversa entre a terapeuta, o paciente e seus familiares, com o objetivo de trazer compreensão sobre a história do paciente e da queixa que o traz até a clínica, para então desenvolvermos um bom raciocínio clínico.
A partir daí, segue-se uma cuidadosa avaliação das habilidades e déficits cognitivos, de linguagem e da fala. Avaliamos, portanto, cada subprocesso responsável pela comunicação e levantamos as manifestações que nos levarão a um diagnóstico.
Conhecendo o paciente, suas queixas, seus objetivos, suas capacidades e dificuldades podemos chegar a um diagnóstico fonoaudiológico, elaborar um relatório de avaliação, ter noções mais precisas sobre o prognóstico e desenvolver um planejamento terapêutico para a reabilitação.
A Reabilitação de fala e de linguagem
O objetivo da reabilitação é realizar intervenções necessárias para melhorar, compensar, contornar ou adaptar o paciente às suas dificuldades, abordando não apenas suas manifestações no dia a dia, mas também outros aspectos relevantes, como suas potencialidades, autoestima, emoções, adequação das expectativas de melhora e reestruturação dos planos de vida individuais e familiares.
Na terapia o paciente tem a oportunidade de, durante uma hora, ter um profissional altamente especializado dedicando-se exclusivamente aos seus objetivos. Nela o paciente vai elaborar e praticar estratégias apropriadas para lidar com os problemas da sua rotina.
Especialidades na atuação fonoaudiológica da Clincog
Avaliação e reabilitação da afasia
A afasia é uma alteração na linguagem causada por lesão cerebral como, por exemplo, um acidente vascular encefálico (AVE ou derrame), tumor cerebral e traumatismo cranioencefálico. A afasia pode prejudicar a capacidade da pessoa se expressar através da fala e da escrita ou de compreender o que lhe é dito e o que está escrito.
A afasia pode se manifestar de diversas formas e traz impactos de vários níveis, sejam mais leves até mais graves, podendo inviabilizar totalmente a comunicação.
O tratamento fonoaudiológico tem por objetivo melhorar as condições de comunicação do paciente com afasia, tanto para compreender o que é dito a ele como para que ele possa se expressar por meio da linguagem.
O princípio da reabilitação é a formação de novas sinapses cerebrais, isto é, a formação de novas conexões entre os neurônios não-danificados, a fim de que estes neurônios possam assumir a função dos neurônios que foram lesados. Este fenômeno é conhecido como plasticidade cerebral.
Assim, são realizados exercícios específicos que trabalhem as habilidades prejudicadas e valorizam as intactas, as funções são otimizadas e o paciente, aos poucos, vai criando estratégias que compensem os déficits ou estratégias que supram as falhas apresentadas.
Nas sessões terapêuticas, o paciente tem a oportunidade de vivenciar as situações de comunicação problemáticas. E com auxílio do fonoaudiólogo busca os meios para sanar estas dificuldades ou lidar com elas da melhor maneira possível, reduzindo o nível de ansiedade e frustração e melhorando a sua capacidade comunicativa.
Avaliação e reabilitação das Dislexias e Agrafias Adquiridas
A dislexia adquirida é um distúrbio decorrente de uma lesão cerebral que provoca perda ou falha na capacidade de leitura do paciente. A agrafia adquirida ocorre quando essa lesão provoca uma alteração na capacidade do paciente escrever.
Reabilitação em dislexia e agrafia consiste em proporcionar ao paciente estímulos que permitam que ele restabeleça funções perdidas, que reorganize suas capacidades para que seja capaz de fazer a mesma tarefa de uma forma diferente utilizando as habilidades remanescentes e/ou que substituam uma função perdida, ou ainda uma estratégia externa. Neste último caso, pacientes que não conseguem reabilitar sua capacidade de escrever, podem gravar áudios e convertê-los a textos escritos, por exemplo.
Avaliação e reabilitação na doença de Parkinson
A doença de Parkinson é uma doença neurológica degenerativa e lentamente progressiva causada por comprometimento no sistema extrapiramidal. Seus sintomas incluem tremores em repouso, rigidez muscular, movimentos lentos e diminuídos e, com o tempo, instabilidade postural e de marcha, dificuldades para alimentar-se (disfagia) e desordens na fala resultantes de distúrbio no controle muscular.
O tratamento medicamentoso tem por finalidade restaurar a função dopaminérgica no cérebro, principalmente com o uso da levodopa e da carbidopa. Pacientes que não apresentam benefícios com tratamentos medicamentosos e que na avaliação neuropsicológica não apresentam alterações cognitivas (o que pode indicar um processo demencial), podem se beneficiar de estimulação cerebral profunda estereotáxica ou cirurgia lesional e levodopa, além de uma bomba de apomorfina.
Os transtornos de fala apresentados pelo paciente com Parkinson tem o diagnóstico de Disartria Hipocinética. Suas características são: intensidade de voz reduzida, voz monótona, rouca e/ou soprosa, imprecisão articulatória, alterações na fluência, acelerações curtas na velocidade da fala, ressonância hipernasal, redução na tessitura da voz e incoordenação pneumofonoarticulatória.
As distardes motoras em paciente com parquisonismo podem levar a alterações em uma ou mais fases da deglutição, causando déficits nutricionais e de hidratação, além do comprometimento da saúde pulmonar, o que pode culminar em pneumonias aspirativas.
A avaliação fonoaudiológica na Doença de Parkinson deve investigar como as desordens motoras e sensoriais relacionadas à doença podem estar afetando a dinâmica das cinco bases motoras da fala (respiração, fonação, ressonância, articulação e prosódia) e o complexo mecanismo de manipulação e transporte do bolo alimentar desde a boca até o estômago.
A partir destes dados, a fonoaudióloga será capaz de correlacionar as manifestações apresentadas pelo paciente com as suas dificuldades no dia a dia; compreender as manifestações diante do transtorno neurológico apresentado pelo paciente; criar uma hipótese sobre a evolução geral do quadro clínico; prever um possível prognóstico; definir condutas terapêuticas apropriadas; traçar objetivos terapêuticos; e realizar um planejamento de reabilitação fonoaudiológica específico para o paciente.
Avaliação e reabilitação no Traumatismo Cranioencefálico
Traumatismo Cranioencefálico (TCE) é qualquer agressão traumática na cabeça que leve a comprometimento anatômico e/ou funcional. É importante ressaltar que o comprometimento funcional de um paciente com TCE é inespecífico quanto a possíveis prejuízos, estes irão depender principalmente do local, extensão e tipo de lesão cerebral.
Um TCE pode, portanto, levar a diversos distúrbios, como: alteração na fala, decorrente de uma apraxia ou de uma disartria; alteração de linguagem; alterações cognitivas, como planejamento, atenção, memória e pragmática; e alteração no processo de deglutição ou disfagia.
A avaliação fonoaudiológica de pacientes com TCE deve levar em consideração todos os aspectos cognitivos, de comunicação e de deglutição para ser possível traçar uma planejamento terapêutico funcional e específico para a reabilitação deste paciente.
Avaliação e reabilitação da Demências
O termo demência pode ser compreendido como um conjunto de sinais ou sintomas que pode ter diferentes causas e pode ser percebida por prejuízos ao realizar atividades do dia a dia que antes era capaz de executar. Estas dificuldades se devem a uma doença neurológica degenerativa e progressiva que se manifesta frequentemente por deterioração de funções cognitivas e pode vir acompanhada de uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e distúrbios comportamentais.
A avaliação neurológica indica possíveis causas e a avaliação neuropsicológica faz o levantamento de diferentes manifestações e alterações comportamentais, emocionais e cognitivas que podem explicar as dificuldades do paciente. O diagnóstico do transtorno leva em consideração a avaliação multidisciplinar.
A Reabilitação fonoaudiológica e neuropsicológica faz uso de métodos terapêuticos afim de melhorar ou manter o desempenho cognitivo de pacientes com transtornos demenciais para que ele possa participar de forma mais autônoma e funcional nas atividades diárias e decisões familiares e/ou profissionais, proporcionando melhor qualidade de vida e menor impacto nas suas relações interpessoais e funcionamento emocional.
Reabilitação no Comprometimento Cognitivo Leve (CCL)
O CCL não é considerado um transtorno demencial, mas pode ser um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e a demência. O paciente com CCL apresenta queixa cognitiva, comprometimento em um ou mais domínios cognitivos (memória, função executiva, linguagem e habilidades visuoespaciais) e atividades de vida diária relativamente preservadas. Além disso, não preenchem critérios para o diagnóstico de demência.
Reabilitação na Doença de Alzheimer
O Alzheimer é uma doença neurológica degenerativa e progressiva que se manifesta por:
deterioração da cognição (principalmente memória e outra função cognitiva),
alteração progressiva das atividades de vida diárias e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e comportamentais.
Reabilitação na Afasia Progressiva Primária (APP)
A APP faz parte das Degenerações Lobares Fronto Temporais (DLFT) e é considerada uma demência pré-senil, de caráter insidioso. Seus sintomas mais comuns incluem mudanças sociais e alterações proeminentes da linguagem nos primeiros anos da doença.
As APPs podem ser classificadas em três subtipos: variante não fluente ou agramática caracterizada por alteração da fluência da fala, com presença de apraxia de fala e/ou agramatismo; variante logopênica, caracterizada por comprometimento na memória fonológica de curta duração que ocasiona fala lentificada, troca de sons nas palavras (parafasias fonêmicas) e dificuldade na repetição de frases e; APP variante semântica, onde se observa a perda progressiva do conhecimento semântico, presença de anomias e alterações importantes na compreensão de palavras.
Evidências científicas e clínicas cada vez mais relevantes têm demonstrado que a APP variante semântica é, na verdade, uma manifestação distinta da Demência de Alzheimer.
Reabilitação na Demência Vascular.
A Demência Vascular pode ser causada por isquemia ou por hemorragia cerebral e geralmente esta associada a fatores de risco como hipertensão, diabetes e dislipidemia. Seus sintomas ocorrem frequentemente em fases, e não de forma gradual. A eliminação dos fatores de risco para acidentes vasculares cerebrais pode ajudar a retardar ou evitar danos maiores.
Demência por corpos de Lewy e demência por doença de Parkinson
A demência por corpos de Lewy é uma degeneração cognitiva crônica caracterizada por inclusões celulares denominadas corpos de Lewy, presentes no citoplasma de neurônios corticais. Demência por doença de Parkinson é a degeneração cognitiva caracterizada por corpos de Lewy na massa negra; que se desenvolve tardiamente na doença de Parkinson, aproximadamente 10 a 15 anos após a doença ser diagnosticada.
A demência com corpos de Lewy se manifesta frequentemente com déficits precoces e evidentes na atenção, função executiva e capacidade visuoperceptual. O comprometimento da memória tende a ocorrer à medida que a doença progride.
Demência por doença de Parkinson pode afetar vários domínios cognitivos (atenção, memória, linguagem e funções visuoespaciais, construtivas e executivas). Os sintomas psiquiátricos, como a alucinações e delírios, são menos frequentes quando comparados à demência por corpos de Lewy.
Reabilitação no Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDA, TDAH)
Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma síndrome de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Há 3 tipos de TDAH, os que são predominantemente desatentos, hiperativo/impulsivos e combinados. Os critérios clínicos dão o diagnóstico.
O Neurofeedback está entre as mais modernas tecnologias para investigação e modulação da mente. A partir de sensores colocados no couro cabeludo, conseguimos detectar os padrões de ondas cerebrais e então redirecioná-los para estimular habilidades.
É possível corrigir distúrbios atencionais e aperfeiçoar o desempenho cognitivo do paciente através do treinamento direto do cérebro.
Gil, G. Busse, Leopord A. Ensinar a lembrar. – São Paulo: Casa da Leitura, 2003.
Ortiz, Zazo K. Distúrbios neurológicos adquiridos e fala e deglutição. Barueri, SP: Manoele, 2006.
Porto Alegre: Artmed, 2007.
São Paulo: Manole, 2002. p. 873-874.
Wilson, Barbara A. Reabilitação da memória: interagindo teoria e prática.
Tradução: Clarissa Ribeiro; revisão técnica Rochele Paz Fonseca. – Porto Alegre: Artmed, 2011.